Friday, October 24, 2008

Minha Saudade

Minha Querida,

Há uns dias atrás li uma frase, incluída numa letra de uma música brasileira (João Donato/João Gilberto) que me chamou a atenção. Diz o seguinte:

“Eu já me acostumei
A viver sem teu amor
Mas só não consegui
Foi viver sem ter saudade”

Escuso de te dizer que, de uma forma imediata e instantânea, fui teletrasportado para junto de ti. Ou para o passado, em que a tua presença era uma constante na minha vida. Sorri. Sorrio sempre com as boas recordações. Sorrio sempre com as saudades.

De facto, já me acostumei a viver sem o teu amor. Habituei-me à tua ausência, ao teu silêncio, ao facto de te teres eclipsado do Mundo (do meu Mundo pelo menos). Tempos houve em que ainda tentei saber de ti, em que te procurei, em que insisti na busca de algo que já não existia. Mas hoje…já não o faço. Não te procuro porque sei que não te encontrarei. Porque não queres ser encontrada. (Porque não existes?)

E assim sigo a minha vida. Independente da tua. Independentemente dos teus dias serem melhores ou piores. Independentemente de sorrires ou chorares (não sei se serás capaz de alguma delas). Nada espero, porque nada terei.

E, no entanto, de repente, do nada, surgem as saudades, as tais saudades que ainda te mantêm viva. Não sei onde estás, como estás, com quem estás. Não quero saber. Não me apoquenta, como outrora, a tua vida quotidiana. Mas a marca que deixaste em mim, em mim ainda está presente. Talvez ouse dizer que essa marca não corresponde exactamente à tua pessoa, mas à imagem que eu fui construindo aqui dentro, com carinho, com Amor. Essa imagem jamais será apagada, diminuída, desprezada ou destruída. Faz parte daquilo que sou ou que serei. É como uma fotografia do passado que, sei bem, jamais voltará.

Gosto de rever essa fotografia. Gosto de me relembrar desse passado. Gosto de avivar as saudades - que nunca se saciam – que tenho dos tempos em que jurámos Amor eterno, das palavras que trocámos em profusão, dos Amores e desamores que nos permitimos entregar um ao outro, da vida que, separados, vivemos em conjunto.

Não sei se algum dia te reencontrarei. Não sei se te reconhecerei. Não sei se nos cruzaremos indiferentes ao passar lado a lado no mesmo caminho. Nunca tive qualquer talento para prever o futuro. O que sei, porque o meu maior talento será ouvir o que o meu coração me diz, é que haverá sempre um momento em que olharei novamente para o passado, recuperarei o Amor que te jurei e, ao lembrar-me de tudo o que me permitiste sentir e viver, sorrirei. E, levado pelas saudades, dir-te-ei, de uma forma tão genuína, honesta e sentida quanto a que tive no passado: Amo-te. Muito.

3 comments:

Anonymous said...

Meu amor, minha saudade,

Espero por ti sem tempo, porque, como já te disse, vives debaixo da minha pele,
o teu calor, o teu cheiro, o teu sabor, estão sempre presentes nos meus sentidos.
Mas as saudades (do passado ou do futuro, nem sei), por vezes apertam o coração com tanta força quanto eu precisava de um abraço teu!
Até lá,sonho...

Um beijo, com muito amor.

J.

SoNosCredita said...

bonito... mas triste.
e sei perfeitamente o q isso é.

Paula said...

Linda carta, fiquei emocionada com tanto sentimento colocado em palavras...

Gostaria de saber quem as escreve, onde posso contactá-lo(a)?